sexta-feira, 13 de maio de 2011

A escola, a saúde e o gol da Copa: olé!

        Uma equipe do Fantástico viajou por sete estados e visitou dezenas de escolas em 28 cidades, entre elas uma de Novo Gama, Goiás, a 40km da Praça dos Três Poderes, na Capital da República.

        Nas escolas, o cenário da reportagem era comum: despensas, cozinhas e refeitórios que atendem ao programa da merenda escolar.
        As imagens eram de horrorizar: baratas e formigas misturadas aos alimentos; gatos passeando pelas cozinhas e robustos sapos acomodados em armários úmidos e imundos. Outros gatos, mais saudáveis, freqüentam as prefeituras envolvidas com um gigante esquema de corrupção ...
        A Merenda Escolar tem R$ 3 bilhões anuais do Ministério da Educação, para alimentar 45 milhões de estudantes. Boa parte dessa grana vai para o bolso da máfia, Brasil afora.
Futebol e fome
        Em Natal, onde o governo do Estado constroi um estádio de futebol por R$ 500 milhões, a reportagem trabalhou num dia em que a temperatura chegou aos 33 graus. A escola não tinha água nem alimentos para a merenda. Só açúcar na despensa. Vencido.
Com fome e com sede, as crianças foram mandadas embora às 2 da tarde.
Lixo
        Na cidade de Nazaré (BA), os repórteres mostram crianças recebendo um prato com macarrão. Não suportam a primeira garfada e jogaram tudo no lixo.
        Na Bahia, sete prefeitos foram presos recentemente, envolvidos na máfia da merenda escolar. Foram todos soltos.
Propinas
        Uma testemunha revelou aos repórteres do Fantástico que a sua empresa pagava propinas, comissão média de 10%, rendendo até R$70 milhões ano para a corrupção política-emprearial. Tudo para vender produtos vencidos e de má qualidade.
Enquanto isso...
        O principal jornal da capital da República, o Correio Braziliense, intensifica a campanha “Brasília merece”!
        Tendo como símbolo os “Caras pintadas”, o jornal quer que a cidade receba o jogo de abertura da Copa do Mundo de 2014.
        Surpreendentemente, o mesmo jornal não publica uma só informação sobre a precariedade dos serviços públicos da Capital, hoje bem mais grave do que o registrado nos suspeitíssimos mandatos de Joaquim Roriz e José Roberto Arruda.
        No Mané Garrincha, de fato, as obras do colossal estádio – que custará mais de R$ 1 bilhão – para 75 mil pessoas avançam. Ali, não faltam dinheiro e entusiasmo. Mas a cidade não tem um só time na primeira nem na segunda divisões do Campeonato Brasileiro.
Aulas?
        Pior: quatro meses depois de iniciado o período letivo, o governo de Agnelo Queiroz não conseguiu colocar todas as crianças em sala de aula. Faltam dois mil professores, revelou o Jornal de Brasília, bem mais ousado nas críticas ao governador Queiroz, que o concorrente Correio Braziliense.
        Nas regiões mais pobres do Distrito Federal, onde a merenda escolar deveria ser a única alimentação reforçada para a maioria dos estudantes, o cardápio diário tem bolachas e água disfarçada de suco.
Mas o estádio está lá, imponente, contrastando com o desleixo do poder público para com frentes prioritárias da população.
Pela popularidade do futebol estamos num jogo de vale tudo. Até deixar criança sem salas de aula, alimentação e dignos serviços de saúde pública.
A máfia é forte e poderosa, e age, também, disfarçada de Copa do Mundo.

Por José da Cruz às 11h38

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